Abrindo as janelas

Nada queria conspirar a favor, as coisas já pareciam não terem mais soluções. O vento lá fora era frio, e a cada vez que exposto a ela, uma de sua parte se machucava, sem que ao menos percebesse isso. Por mais poucos que eram os momentos em contato com este vento, as marcas que ele deixava sempre eram as mais profundas.

Ela já não queria abrir a janela, não por saber da dor causada mas por não enxergar motivos para isso. Era tão repetitivo os dias que a vida já nem tinha mais graça, não para ela.

Foi então que um clarão iluminou por debaixo da porta e fez com que ela saísse pra fora, mesmo que por pouco segundos, aquela atitude mudaria os dias seguintes. Lá fora ela olhou para o céu e viu os pássaros a voarem, seguindo-os com os olhos e rodopios pelo chão, parando em direção a luz que clareava com tamanha intensidade.

Por um instante pensou, e voltou para dentro correndo, com as lágrimas escorrendo. Deitada em seu quarto ficou quieta por um longo período, embolada nas cobertas e presa em seus próprios pensamentos ate que adormeceu, profundamente, como quem não dormia há tempos.

No final da tarde acordou surpreendida por mais simples que tenha sido o motivo, saiu de sua cama num pulo desesperado como se precisasse fazer algo urgente, e de fato abriu as janelas da casa, de uma maneira sorridente no qual ultimamente não tinha acontecido.

O motivo ao exato nem ela sabe, mas quando acontece algo para o bem, não é necessário justificativas, apenas agradecer e viver aquele momento, lembrar do passado e o que já não importava mais, poderia estragar tudo, e assim tão naturalmente ela prosseguiu, abrindo as janelas todos os dias.

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